Propriedades produtoras de tabaco cultivam florestas energéticas para suprir as necessidades de madeira e lenha. Assim, as áreas de mata nativa são preservadas.
Maio 2025 – A proximidade do Dia da Mata Atlântica, celebrado em 27 de maio, se apresenta como mais uma oportunidade de reflexão sobre a importância de a produção rural e a preservação dos recursos naturais andarem juntos, sem que haja grandes impactos ambientais. Nesse sentido, as pesquisas e experimentos apontam para um cenário cada vez mais favorável, onde as lavouras e a Mata Atlântica coexistem lado a lado.
No setor do tabaco, a sustentabilidade ambiental faz parte dos focos estratégicos dentro do Sistema Integrado de Produção (SIPT), pelo qual há a busca permanente de eficiência na produção sem perder de vista questões de sustentabilidade ambiental. Atualmente, 19,8% é a média de cobertura por mata nativa nas 133 mil propriedades produtoras de tabaco. O dado é da pesquisa do Centro de Estudos e Pesquisas em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CEPA/Ufrgs – 2023), que também mostra a porcentagem de 11,3% do terreno das propriedades coberta por florestas energéticas, em sua maioria, com eucaliptos. Na soma, 31,1% da área das propriedades produtoras de tabaco têm cobertura florestal.
Mas afinal, como o plantio de espécies energéticas contribui com a preservação da mata nativa? Através da conscientização de que é possível produzir a própria lenha para a cura do tabaco e de enxergar a atividade como uma alternativa de renda. Essa condição de terem suas próprias florestas de eucaliptos já está consolidada e é resultado direto do incentivo da indústria ainda durante a década de 1970.
Dessa forma, as áreas da floresta nativa passaram a ser preservadas, bem como a sua biodiversidade. E, nos últimos anos, com estufas elétricas modernas e, consequentemente, menor demanda de lenha, o comércio de toras de madeira se apresentou como uma fonte de renda extras para muitos produtores.
Pensando nessa forma de diversificação das propriedades, o Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) implementaram o Projeto Ações pela Sustentabilidade Florestal na Cultura do Tabaco. O conjunto de atividades visa incrementar a eficiência no cultivo de eucaliptos por meio da promoção do manejo correto de espécies de rápido crescimento.
Conduzido pelo professor-doutor Jorge Antônio de Farias, o projeto busca realizar o desenvolvimento e a difusão de informações técnicas que contribuem para maximizar os resultados das florestas de eucaliptos. Conforme ele, o manejo correto é fundamental para a obtenção de madeira de qualidade no final do ciclo. Os resultados obtidos por meio da parceria técnico-científica promovem a produção florestal sustentável do ponto de vista ambiental, social e econômico.
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Folder que orienta
Outra ação do setor é a distribuição de um folder aos produtores com informações práticas sobre a preservação da mata nativa. A iniciativa do SindiTabaco, em parceria com a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), reforça o compromisso do setor com a conservação dos recursos naturais. O conteúdo é um guia com as principais normas ambientais que já fazem parte do dia a dia nas propriedades rurais produtoras de tabaco.
O material apresenta os principais pontos do Código Florestal Brasileiro (Lei 12.651), explicando onde ficam as Áreas de Preservação Permanente (APPs) e as Áreas de Reserva Legal (ARL) nas pequenas propriedades. Também há orientações para os produtores que precisam se adequar, caso no passado tenham ocorrido intervenções em áreas protegidas. Outro ponto destacado é a importância do Cadastro Ambiental Rural (CAR), ferramenta fundamental para o mapeamento e gestão ambiental das propriedades rurais.
Fique atento: boas práticas que fazem a diferença
– Preserve a mata nativa e utilize apenas lenha de fontes legais.
– Siga o Código Florestal: proteja nascentes, encostas, margens de rios e topos de morros.
– Respeite a Reserva Legal de sua propriedade.
– Conheça e participe das ações de sustentabilidade florestal.
– Escolha mudas de eucalipto com procedência garantida.
– Planeje a colheita da lenha com antecedência e faça o corte de forma correta.
Por que a Mata Atlântica é tão importante?
O bioma é uma das regiões mais ricas em biodiversidade do planeta, com ecossistemas únicos e fundamentais para o equilíbrio ambiental. Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, restam apenas 12,4% da vegetação original dessa floresta, que um dia cobriu 15% do território brasileiro (cerca de 1,3 milhão de km²). O bioma abrange regiões de 17 estados brasileiros, do Nordeste ao Sul do país. É o lar de mais de 20 mil espécies de plantas e abriga cerca de 8% das espécies do planeta. É importante para regular o clima e o regime das chuvas, protege nascentes e rios importantes e ajuda a combater as mudanças climáticas.
SAIBA QUE – O Dia Nacional da Mata Atlântica foi instituído em homenagem à Carta de São Vicente, escrita em 1560 por Padre José de Anchieta.