Projeto Solo Protegido, da Embrapa e SindiTabaco, vai mostrar que técnicas sustentáveis de cultivo melhoram a qualidade da terra e aumentam a produtividade.
Quando se trata de produção primária e sustentabilidade, o mundo ideal é aquele onde há alta produtividade sem degradação da terra. Neste mês em que se celebra o Dia Nacional de Conservação do Solo, em 15 de abril, convidamos à reflexão sobre a importância da correta utilização do solo e sobre os bons exemplos de quem já realiza ações em direção a uma agricultura verdadeiramente sustentável.
No setor do tabaco, a realidade caminha em direção ao que preconiza a agricultura sem degradação do solo. O uso de determinadas práticas conservacionistas já é uma realidade em 74% das propriedades, como o plantio sobre a palhada e o cultivo mínimo. Os levantamentos realizados pelo SindiTabaco e empresas associadas mostram que um grande progresso ocorreu nas últimas duas décadas, pois em 2007, 83% dos produtores ainda eram adeptos do cultivo convencional. Veja no gráfico como se deu a evolução entre os produtores de tabaco:
Apesar desse importante avanço, há ainda um conjunto mais abrangente das chamadas boas práticas agrícolas, que aumentam a resiliência de solos na produção agrícola. E agora, a boa notícia é que os sistemas de cultivo nas propriedades produtoras de tabaco deverão avançar ainda mais, com maior incorporação de conhecimentos de pesquisa e desenvolvimento no processo de cuidado do solo. A assinatura do programa Solo Protegido, cooperação técnica entre o SindiTabaco a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), aponta para uma nova realidade nas regiões produtoras de tabaco.
Com duração de 60 meses, o projeto seguirá quatro etapas: diagnóstico da qualidade do solo, recomendação dos planos de intervenção, intervenção e monitoramento. A ação inicial prevê a seleção e o diagnóstico de 33 propriedades de 11 microrregiões produtoras de tabaco no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
Após, haverá a proposição de planos de intervenção contemplando as Boas Práticas Agrícolas (BPAs) e o monitoramento de indicadores-chave, visando a proteção e conservação ou a recuperação do solo. Para isso, diferentes especialistas da Embrapa vão atuar na coleta de amostras para o diagnóstico da qualidade física, química, biológica e da mesofauna, bem como para a avaliação dos estoques de carbono.
O projeto também contará com a capacitação de profissionais das empresas associadas ao SindiTabaco para a difusão do conhecimento e de tecnologias, referente às estratégias de proteção e recuperação da qualidade do solo e da água em propriedades produtoras de tabaco no Sul do Brasil.
Para o pesquisador da Embrapa e coordenador do projeto, Adilson Bamberg, nas áreas produtoras de tabaco existem oportunidades de melhorias que devem se somar às práticas já utilizadas. “Temos uma técnica consolidada que retém água e sedimentos, que são os camalhões, mas há espaço para avançar em questões de controle da erosão, de uso do mix de cobertura, e do carbono que precisa ser retirado da atmosfera e ser fixado no solo”, diz. E Rosane Martinazzo, chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Clima Temperado, acrescenta que o projeto está chegando em boa hora, considerando a necessidade de ações para recuperar o solo diante do evento climático extremo vivido pelos gaúchos em 2024.
Entre os gestores, a decisão foi tomada levando em conta a boa perspectiva de melhorias efetivas. Valmor Thesing, presidente do SindiTabaco, diz ter convicção de que os resultados a serem colhidos nos próximos cinco anos vão auxiliar para a manutenção da liderança do Brasil no mercado mundial de tabaco, gerando desenvolvimento, renda e divisas. E Waldyr Stumpf Junior, chefe-geral da Embrapa Clima Temperado, ao falar da aproximação do órgão de pesquisa com o setor produtivo, lembra que o Brasil é referência mundial em produção primária. “Isso é reflexo do empreendedorismo dos agricultores, da ciência e da tecnologia e de boas políticas públicas”, salienta.
Dia Nacional de Conservação do Solo
A data de 15 de abril como Dia Nacional da Conservação do Solo foi instituída pelo Decreto de Lei nº 7.876, de 13 de novembro de 1989, como uma iniciativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O dia foi escolhido em homenagem ao americano Hugh Hammond Bennett (1881 – 1960), considerado o pai da conservação dos solos nos Estados Unidos e o primeiro responsável pelo Serviço de Conservação de Solos, servindo como referência para muitos países.