Produção de tabaco no mundo foi tema de encontro virtual

A Reunião Anual da Associação Internacional dos Produtores de Tabaco (ITGA), realizada no final de novembro de forma virtual, contou a participação de representantes de mais de 20 países. Assuntos sobre o cultivo sustentável e o cenário do mercado mundial predominaram durante o evento. O presidente da ITGA, Abiel Kalima Banda, disse que os produtores continuam engajados em desenvolver uma produção sustentável. “O compromisso deve ser firme e aceito por todos os envolvidos na cadeia produtiva. A solução precisa ser conjunta e viável. Além disso, não podemos adiar mais a discussão sobre diversificação e alternativas”, afirmou.

O ministro da Agricultura do Malawi, Robin Lowe, falou com preocupação sobre o futuro do setor. “No Malawi a produção de tabaco contribui com até 60% das divisas do país e tratar do futuro do setor é iminente para evitar efeitos econômicos drásticos”, disse. E o diretor executivo da ITGA, Antonio Abrunhosa, salientou que, onde o tabaco continua sendo plantado, ele certamente é importante para a economia. “No Malawi é imprescindível. No Brasil, ele é muito importante para os estados do Sul. Assim, nosso papel é defender os produtores, mas também o mercado uma vez que os produtores precisam vender o seu produto. A regulação tem impactado nosso negócio e precisamos estar atentos, pois dependemos das decisões da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco”, completou Abrunhosa.

Além disso, as perspectivas do setor em tempos de pandemia e o panorama do mercado mundial foram temas de apresentações de Ivan Genov, especialista da indústria do tabaco, e Shane Macguill, chefe de pesquisas sobre tabaco da Euromonitor International. Segundo os dados apresentados, o Brasil continua no topo das exportações mundiais de tabaco.

Outros assuntos foram tratados por porta-vozes do setor de diferentes países. O vice-presidente da Universal Leaf Tabacos, Lea Scott, por exemplo, falou sobre a diversificação da propriedade como importante ferramenta para a sustentabilidade. “A produção agrícola, como todo negócio, precisa gerar lucro. A diversificação da propriedade pode ser muito benéfica, como um modelo mais seguro diante das intempéries climáticas e dos benefícios ao meio ambiente. Mas o produtor precisa de acesso ao mercado e de um plano de escoamento dessa produção complementar”, disse. E Gary Foote, da Alliance One, explanou sobre agentes de proteção de cultivos e como o uso apropriado pode aumentar a produtividade e evitar prejuízos.

Vuk Pribic, diretor da JTI, abordou as novas regulações que devem ser implementadas em breve na comunidade europeia. “Em alguns países, já há discussões sobre uma regulação obrigatória, ou seja, qualquer empresa que exporte seu produto precisará provar que implementou ações que promovam o respeito das empresas pelos direitos humanos e do meio ambiente e que possui métricas de avaliação destes resultados. “A indústria vem trabalhando sobre a produção sustentável e sabemos que os produtores têm aumentado sua conscientização sobre temas como trabalho infantil e respeito ao meio ambiente, mas precisamos estar juntos com os governos e com outros elos da cadeia”, frisou. Outro participante a se pronunciar foi Carlos Palma, gerente da BAT, que falou sobre o sistema de integração introduzido pela empresa e com ele pode auxiliar na produção sustentável. “Temos uma longa história de relacionamento com os produtores de tabaco e isso nos auxilia a levar as melhores práticas agrícolas ao campo”, comentou.

INSTITUTO CRESCER LEGAL

O Programa de Aprendizagem Profissional Rural do Instituto Crescer Legal foi um dos assuntos da reunião da ITGA. A gerente do Instituto, Nádia Fengler Solf, apresentou aos participantes, os resultados do inovador método que transforma projetos de vida dos jovens rurais no Sul do Brasil ao mesmo tempo em que combate o trabalho infantil. “O Instituto é resultado do esforço do setor no combate ao trabalho infantil e oferece alternativas, especialmente para filhos de produtores de tabaco, bem como ferramentas para implementar a sucessão rural. Os adolescentes envolvidos são contratados como jovens aprendizes e recebem uma remuneração mensal sem realizar atividades na indústria nem no campo, mas participam de um curso de formação sobre gestão rural e empreendedorismo no contraturno escolar”, relatou. Segundo Nádia, o Instituto já envolveu aproximadamente 500 jovens em suas atividades desde sua fundação, em 2015. “O índice de conclusão do curso no último ano foi de 94% e é um indicador que nos anima, uma vez que é muito superior ao índice brasileiro, estimado em 68%, e de alguns países europeus, como a Alemanha, que tem o índice de 75%”.