Entrevista

Luiz Antonio Slongo, professor-doutor da Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenador da pesquisa Perfil Socioeconômico do Produtor de Tabaco da Região Sul do Brasil, publicada no final de 2016.

Quais foram os objetivos da pesquisa Perfil Socioeconômico do Produtor de Tabaco da Região Sul do Brasil? Identificar e descrever a atual condição socioeconômica dos produtores de tabaco localizados na região sul do Brasil (RS, SC, PR).

Quais foram os principais aspectos abordados nas entrevistas? Os principais aspectos foram divididos em dois grandes blocos. O primeiro, constituído de 7 itens de investigação, foi Condições Socioeconômicas do Produtor (características do domicílio; posse de bens; acesso a serviços; estrutura familiar; perfil de consumo; renda familiar; e qualidade de vida percebida). E o segundo bloco, constituído de 21 itens, foi Características Gerais do Produtor (intenção de continuar na atividade; preparo do produtor; atividades de lazer; vínculos a programas sociais do governo; emprego de mão de obra; financiamentos; uso de recursos Pronaf; assistência técnica recebida; recursos usados para cultivo do tabaco; posse de máquinas e instalações; destino do lixo; culturas agrícolas; produção animal; e produção de hortifrutigranjeiros).

Quais as conclusões do estudo? Os resultados apontam para uma boa condição socioeconômica dos produtores de tabaco. Tal condição é respaldada por resultados como:

  1. a) os produtores têm bom acesso a itens relacionados às condições de conforto, higiene e saúde;
  2. b) o acesso à energia elétrica viabiliza a utilização de bons meios de comunicação, que são usados para informação e entretenimento;
  3. c) a renda familiar e per capita são superiores às médias nacionais;
  4. d) 79% dos produtores fazem algum tipo de rotação de culturas para reduzir a proliferação de pragas, doenças e ervas daninhas e 50% garante renda com outros produtos além do tabaco, aumentando significativamente a sua renda;
  5. e) produtores têm bom acesso à assistência técnica e a informações gerais, o que lhes permite atualização e desenvolvimento na sua atividade;
  6. f) os produtores fazem uma boa avaliação de suas próprias condições de vida, ou seja, em geral mostram-se satisfeitos e realizados.

 

A confirmação de que os produtores de tabaco têm renda superior à da média brasileira surpreendeu a você e sua equipe de pesquisadores? Por quê? Sim. Provavelmente porque nós, assim como a maioria da população, tínhamos pouco conhecimento da realidade destes produtores e por isso deixávamo-nos levar pelo senso comum de que pequenos produtores agrícolas encontram-se abandonados à própria sorte e desprovidos dos recursos básicos para uma vida digna. A pesquisa mostrou que não é o que acontece com os produtores de tabaco.

Onde foi realizada a pesquisa e qual o número de produtores entrevistados? A pesquisa abrangeu os Estados do RS, SC e PR. Foram realizadas 1.145 entrevistas em 38 municípios.

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