O mais novo membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) é Xico Graziano, especialista do agronegócio conhecido por sua lucidez ao tratar sobre produção agrícola e sustentabilidade. Engenheiro agrônomo, Mestre em Economia Agrária e doutor em Administração, ele é conferencista e professor de MBA da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Com dez livros já publicados, ele é atualmente também sócio-diretor da OIA/Certificação Socioambiental e da ePoliticsGraziano, empresa de marketing digital.
Na sua trajetória profissional e política, Xico Graziano foi secretário Estadual do Meio Ambiente de São Paulo (2007-2010), Deputado Federal (1998-2006), secretário Estadual de Agricultura (1996-1998), chefe do Gabinete Pessoal do Presidente Fernando Henrique Cardoso (1995) e presidente do Incra (1995). Ele também já lecionou na Unesp/Jaboticabal (1976-92) e foi Engenheiro Agrônomo do Ano, pela AEASP (1987).
Veja abaixo a entrevista de Graziano para o Blog Empreendedores do Campo:
Como o senhor vê a agricultura brasileira e o posicionamento no mercado internacional?
Xico Graziano: Os dados mais recentes da balança comercial corroboram a tendência da última década: o Brasil caminha, rapidamente, para se tornar o principal fornecedor de alimentos e matérias-primas agrícolas do mundo. Mais uma década e seremos o celeiro do mundo.
Na sua visão, como será o futuro do setor do agronegócio brasileiro pós-pandemia?
Xico Graziano: Muitos setores sofreram e ainda sofrerão com a crise causada pela pandemia, que desorganizou mercados e enfraqueceu a demanda agregada interna. Haverá uma reorganização, um acomodamento, estando nesse processo em vantagens aqueles que vendem para o exterior. Prevejo que demoraremos dois anos para retomar o dinamismo. Ficou um aprendizado: o e-commerce vai turbinar no agronegócio.
Membro do Conselho Científico Agro Sustentável e defensor da tecnologia em favor da agricultura, qual sua opinião sobre o papel do conhecimento científico para a produção com conservação ambiental?
Xico Graziano: Somente o avanço tecnológico é capaz de promover o casamento da ecologia com a agronomia, ou seja, da produção com a conservação. Legislações são importantes, conscientização também, mas sem novos conhecimentos, que assegurem rentabilidade na sustentabilidade, a conta não fecha. E em última instância, é a economia quem manda nessa agenda.
O senhor combate as falsas narrativas que atribuem à agricultura brasileira o uso excessivo de agrotóxicos. Quais os principais dados que mostram que o uso de agroquímicos está dentro dos limites seguros?
Xico Graziano: As análises do PARA – Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos -, conduzido pelo Ministério da Saúde através da Anvisa, mostram a real situação, os fatos. O último relatório trouxe dados referentes a 4.616 amostras de dezenas de frutas, verduras, cereais, e mostrou que apenas 2,3% das amostras tinham resíduos de ingredientes químicos acima do LMR, o Limite Máximo de Resíduo estabelecido pela legislação. Dessas, apenas 41 amostras, ou seja, 0,89% do total analisado apresentou potencial risco agudo para a saúde humana; nenhuma delas, ZERO, apresentou risco crônico. Estes são os dados científicos, esse é o FATO, o resto é mito.