Giovane Luiz Weber, Produtor rural e influenciador digital, se propôs a refletir sobre o dia 31 de maio. Com o artigo chamado “Um dia para refletir sobre o tabaco”, Weber trouxe detalhes de sua vida como pequeno produtor e motivos de sua escolha pela cultura do tabaco.
Em junho, teremos dois dias para refletir sobre o tabaco: eventos serão realizados nos dias 15 e 16 de junho, em Brasília e em Santa Cruz do Sul, respectivamente. Em pauta, a dúvida de milhares de pequenos produtores rurais da Região Sul do País: até quando poderão seguir cultivando uma produção legal e rentável?
Os encontros devem discutir a posição que o Brasil levará para a 10ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, tema que gera grande apreensão para quem vive da cultura do tabaco. “A Convenção-Quadro foi instituída para deliberar sobre políticas públicas relacionadas ao consumo de cigarros. Mas o que temos visto, a cada nova edição das COPs, que ocorrem a cada dois anos, é um avanço sobre a produção de tabaco”, comenta o executivo do SindiTabaco, Iro Schünke, que estará presente nos eventos.
Em Brasília, a audiência acontece no dia 15 de junho, às 10 horas, no Anexo II, Plenário 06, da Câmara dos Deputados, em uma iniciativa do deputado federal Alceu Moreira. Já no dia 16, a reunião de trabalho ocorre na Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul, a partir das 9 horas, em evento pleiteado pelo deputado estadual Marcus Vinicius.
Leia abaixo, na íntegra, o artigo do produtor Giovane Weber, publicado em 31 de maio, pelo jornal Gazeta do Sul, de Santa Cruz do Sul (RS), e entenda o que está em jogo.
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Um dia para refletir sobre o tabaco
Giovane Luiz Weber, produtor rural e influenciador digital.
A Associação Internacional dos Produtores de Tabaco, a ITGA, propõe que o dia de hoje, 31 de maio, seja ocasião para refletir sobre a importância econômica e social dessa cultura no mundo todo. Na condição de alguém que, ao lado de sua família, obtém dessa atividade o seu sustento, e de alguém que conhece bem, e de perto, a produção em todo o Sul do Brasil, faço algumas considerações.
Quando se fala em produção de tabaco, sabe-se que há mais de cem anos essa cultura é lucrativa no país. Por séculos teve presença relevante no Nordeste, e hoje o plantio das variedades mais direcionadas à exportação está concentrado no Sul. O tabaco é fundamental principalmente na agricultura familiar, em pequenas propriedades. Posso usar como exemplo a nossa própria família, mas o cenário é o mesmo em bem mais de 100 mil propriedades nos três estados do Sul.
Aqui em casa temos 11,5 hectares, área pequena quando comparada a grandes fazendas. Desses 11,5 ha, só 8 são plantados, cultivados, e 3,5 são mata nativa e potreiro. Só 5 hectares são dedicados ao tabaco, e de 2 a 3 hectares dessa mesma área ainda usamos, em resteva, na produção de subsistência. Hoje são duas famílias, a minha e a de meus pais (bem como, antes deles, meus avós), que podem se manter e progredir nessa propriedade, tudo graças a essa folha.
Isso é só um exemplo, que se repete em todas as regiões que se dedicam ao tabaco no Sul do País. Muitas vezes, as pequenas áreas são também muito íngremes, o que dificulta a mecanização ou o plantio de outra cultura, caso dos grãos. Além da geração de renda, a região do tabaco é reconhecida como uma das que melhor cuida do meio ambiente, de todos os recursos naturais.
As propriedades que plantam tabaco são, além de tudo, bastante diversificadas. Em muitos casos, foi a receita dessas folhas que viabilizou o investimento em outras fontes de renda, como leite ou frutas. Tudo isso precisa ser levado em conta quando alguém, sem conhecimento da realidade, fala em combater o tabaco, um produto exportado para uma centena de países. E que movimenta a economia de centenas de municípios, bem como dos estados e também de todo o Brasil. É algo ao qual cumpre prestar muita atenção, hoje e sempre.