A Doença da folha verde do tabaco e a proteção do trabalhador

A Doença da folha verde do tabaco, ou GTS-Green Tobacco Sickness, é um tipo de intoxicação por nicotina causada pela absorção dermal desse alcaloide durante a colheita de tabaco molhado por orvalho ou por chuva.

A intoxicação dos trabalhadores rurais durante a colheita passou a ser melhor estudada a partir do início dos anos 70, principalmente nos Estados Unidos. Aqui no Brasil, os primeiros estudos se iniciaram a partir do começo dos anos 90 quando, a partir de dados obtidos através de pesquisas efetuadas em outros países e também de relatos fornecidos pelos próprios agricultores, notou-se a necessidade de melhor estudar esse problema.

Nessa época, as empresas fumageiras, preocupadas com o problema, iniciaram um trabalho com o objetivo de melhor estudar o assunto e desenvolver equipamentos de proteção para evitar que os trabalhadores se intoxicassem com a nicotina contida nas folhas molhadas por orvalho ou uma chuva fraca.

Quando iniciamos o trabalho, no início de 2009, para estudar melhor o problema e desenvolver Vestimentas de Colheita mais eficientes, rapidamente percebemos que as roupas de proteção usadas pelos produtores não funcionavam, por se rasgarem com facilidade ou por não oferecerem a proteção que era necessária.

A partir daí, foram iniciados os estudos para que se pudesse encontrar a Vestimenta de Colheita que atendesse a necessidade de proteção e conforto do trabalhador. Durante todo o ano de 2009, estivemos visitando agricultores dos três estados do sul do Brasil, acompanhando todo o trabalho de colheita, testando materiais, modelagem, costura, cor, acabamento, tudo  a fim de se conseguir produzir uma vestimenta que atendesse não só às necessidades de proteção, mas que também fosse termicamente confortável e bem aceita pelos agricultores.

No final desse ano de 2009, foi entregue ao SindiTabaco o Relatório Final desse trabalho, com as especificações de vestimentas de colheita. A eficácia desse novo equipamento de proteção foi então testada e ficou comprovada uma proteção efetiva de 98%. Faltava o teste final, o mais importante, que era a aceitação dessas vestimentas por parte dos agricultores, caso contrário, todo o trabalho e todo o tempo de estudo estariam irremediavelmente perdidos. Mas a aceitação foi excelente, e hoje, passados 10 anos, a vestimenta de colheita continua a ser utilizada, cumprindo o seu papel de evitar a intoxicação dermal por nicotina, protegendo o trabalhador e garantindo a ele conforto térmico e maior durabilidade.

Colunista

Luiz Carlos Castanheira

Engenheiro agrônomo e de Segurança do Trabalho, é também agricultor e consultor e membro do Conselho Científico Agro Sustentável. Formado em Engenharia Agronômica pela Faculdade de Agronomia de Pinhal e de Segurança do Trabalho pela UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas, tem especialização em Segurança do Trabalho Rural (Japão, 1984); Formulação de Pesticidas, com enfoque para Segurança no uso de Pesticidas (Leipzig, Alemanha, 1988) e fez diversos cursos pelo mundo sobre segurança no uso de produtos químicos para a agricultura. Ex-professor da PUCC (Pontifícia Universidade Católica de Campinas) e professor no curso de Engenharia de Segurança da UNICAMP.