Você sabia que o tabaco está entre as culturas que menos utilizam agrotóxicos?

Ainda é possível encontrar falsas narrativas ligando a cultura do tabaco ao uso indiscriminado de agrotóxicos. Porém as informações são equivocadas e os empreendedores do campo sabem que o fumo leva pouco mais de um quilo de ingrediente ativo por hectare. A realidade é que o tabaco é uma das culturas comerciais brasileiras que menos utiliza agrotóxicos.

A redução no uso de agroquímicos no tabaco foi conseguida graças aos investimentos em estudos e pesquisas para o desenvolvimento de ingredientes ativos mais eficientes para a plantação e, com isso, houve a consequente redução nas necessidades de uso. A diminuição foi gradativa ao longo das últimas décadas e, recentemente, diferentes pesquisas atestam o baixo uso de defensivos no cultivo do tabaco.

O estudo mais recente, realizado por professores da Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) em 2016, demonstrou que a plantação de tomates usava 46,8 quilos de ingrediente ativo por hectare (kg/IA/ha), seguido da maçã (39,1 kg/IA/ha) e da batata inglesa (31,6 kg/IA/ha). O tabaco aparece em penúltimo lugar em uma lista de 19 culturas, com 1,01 kg/IA/ha, perdendo apenas para a banana (0,48 kg/IA/ha).

Em 2011, a mesma Esalq/USP já havia identificado diferenças entre as principais culturas comerciais brasileiras. Os pesquisadores constataram a demanda de 69,73 quilos de ingrediente ativo por hectare na plantação de maçãs. Já a batata inglesa aparecia com 32,51 kg/IA/ha e o tomate com 29,27 kg/IA/ha. Nessa lista, o tabaco aparece em último lugar na quantidade de defensivos, com 1,08 kg/IA/ha.

Além de demandar menor quantidade de agrotóxicos, os produtos usados no tabaco tem menor toxicidade. Uma análise, conduzida pelos professores José Otávio Menten e Lourival Carmo Monaco Neto, ambos docentes da Esalq/USP, mostrou que, além da quantidade inferior, os defensivos usados no tabaco são menos danosos, especialmente para os seres humanos. O relato dos especialistas explica que há uma significativa diferença entre as classes de defensivos, sendo os herbicidas os menos tóxicos, seguidos pelos fungicidas, acaricidas e inseticidas. E na cultura do tabaco, da quantidade demandada, 62% é de herbicidas, o menos tóxico entre as quatro classes.

OS DADOS – Para a análise sobre o uso de agrotóxicos foram usados dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag) e do Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE). Acesse AQUI para ler as pesquisas na íntegra.