Realidade na produção de tabaco difere das falsas narrativas

Constantemente os produtores de tabaco são surpreendidos por afirmações de que a cultura tem demasiado uso de agrotóxicos, de comprometimento da saúde dos trabalhadores e até de monocultura e empobrecimento. No entanto, eles sabem que suas pequenas propriedades rurais são diversificadas produzindo também alimentos, que preservam o meio ambiente, que as crianças estão na escola e que são incentivados a cuidarem da saúde usando protetor solar e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Os produtores fazem parte das ações de sustentabilidade implementadas através do Sistema Integrado de Produção de Tabaco (SIPT) que busca beneficiar todos os envolvidos. 

A percepção dos produtores é validada por pesquisas e estudos que mostram a realidade da produção. Por exemplo, com uso médio de 23% da área das propriedades, o tabaco representa 52% da renda do produtor, o que mostra o bom rendimento diante de outras culturas. Os levantamentos da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) mostram ainda que 17,5% da área das propriedades serve à cultura do milho, 7,6% à soja, 0,9% ao feijão, 23,2% para pastagens e 5,4% para outras culturas. Ou seja, o produtor de tabaco é também produtor de alimentos. 

Além disso, 14% da área das propriedades é coberta por mata nativa e 8,4% por plantio florestal de espécies energéticas para atendimento às demandas por lenha e madeira. Com incentivo ao plantio direto e programas como o de recebimento de embalagens, o produtor de tabaco realmente cuida do meio ambiente. E, em relação aos agrotóxicos, a lavoura de tabaco usa níveis mínimos, com apenas 1,01 quilo de ingrediente ativo por hectare e está em penúltimo lugar numa lista de 20 culturas comerciais brasileiras. 

Neto Lacerda, nascido Armogenio Viegas de Lacerda Neto (28 anos), é um produtor insatisfeito com os constantes ataques à imagem do fumicultor. Por isso, ele tem se manifestado para mostrar a realidade de produção diversificada, cuidados com a saúde e rendimentos obtidos. Na sua propriedade de 16 hectares, na localidade de Passo da Telha, no município gaúcho de Amaral Ferrador, ele cultiva 60 mil pés de tabaco, além de diversas outras culturas, em especial o milho. Leia abaixo, a entrevista de Neto Lacerda ao blog Empreendedores do Campo. 

Desde quando és produtor de tabaco? Por que optou pela cultura? 

Neto Lacerda: Sou produtor de tabaco desde os 18 anos, há 10 anos. Optei pela cultura por ver viabilidade econômica e também por gostar de trabalhar na lavoura de tabaco.  

Quanto de tabaco produz? Faz diversificação?  

Neto Lacerda: Na nossa propriedade somos duas famílias. Juntas, produzimos o total de 120 mil pés. A minha lavoura é de 60 mil pés de tabaco e diversifico com milho, que é a segunda cultura em rendimento econômico. Além disso, produzimos boa parte dos alimentos da família. Plantamos de tudo um pouco, porém para o consumo. 

O Sistema Integrado de Produção de Tabaco oferece vantagens para os produtores? Quais você destacaria? 

Neto Lacerda: No meu ver, o Sistema Integrado oferece garantias de compra, que é muito importante na produção rural. Porém, cito como exemplo a sugestão de que a tabela de classificação poderia ter uma redução nas classes de compra e, também, que fosse seguido um padrão de compra do início ao final da safra. 

Quais são os principais mitos que você costuma ouvir sobre a produção de tabaco? 

Neto Lacerda: Sempre que falam de doenças, os antitabagistas querem relacionar ao tabaco como principal culpado. Na verdade, sabemos que tudo em excesso é prejudicial. Então, se deve ter um controle sobre tudo o que se consome. 

Você percebe outras culturas do agronegócio sofrerem ataques semelhantes ao tabaco? 

Neto Lacerda: O agro é muito forte. Porém, a fumicultura é uma das culturas mais atingidas e creio que a mais julgada e criticada pela mídia. Não vejo outra cultura com tantos ataques à sua cadeia produtiva igual ao que acontece quando se trata do tabaco. 

Você pretende seguir plantando tabaco? 

Neto Lacerda: Sim, pretendo. E estou investindo em melhorias na propriedade, como colheita semimecanizada, estufas elétricas, pavilhão para armazenar tabaco, etc. Ou seja, vejo futuro na cultura. Também acho que seria viável uma conversa entre produtores e empresas para, talvez, podermos nos aproximar e tentar melhorar a parceria.