No campo, cuidar do solo significa dinheiro a mais

Técnicas como plantio direto e cultivo mínimo significam mais produção com gastos menores. O produtor Joel Junkherr conta sobre as vantagens de cuidar do solo

Em 10 de maio é celebrado o Dia do Campo, data criada para conscientizar a população sobre a importância do setor rural. Nós, do Empreendedores do Campo, acreditamos ser fundamental celebrar a ação daqueles que assumem o desafio de produzir cuidando do meio ambiente, pois o uso consciente dos recursos naturais está inserido nas atividades diárias dos 150 mil empreendedores rurais que produzem tabaco.

Joel Junkherr é um deles. Ele guarda em casa o certificado do Fórum Estadual de Conservação do Solo e da Água da feira Expodireto (RS) de 2018, quando recebeu reconhecimento público por suas ações em favor do meio ambiente. Incentivado pela empresa com a qual mantém contrato dentro do Sistema Integrado de Produção de Tabaco (SIPT), há 10 anos ele começou a migrar do sistema convencional de plantio (com aração do solo), para o plantio direto com curvas de nível.

Ao aderir aos aconselhamentos sobre as práticas conservacionistas, Junkherr e a esposa Alexandra passaram a ter também vantagens econômicas. O plantio direto na palha evita a erosão e conserva a umidade em períodos de estiagem. Segundo o produtor, o resultado foi o aumento de matéria orgânica, o que diminuiu o custo de produção de 10% a 15%. “Antes, era necessário usar mais adubação de base e cobertura porque a lixiviação era maior no solo sem a palhada”, conta. “Eu usava em torno de 50 gramas de adubo por planta e hoje trabalho com 35 a 40 gramas, dependendo da quantidade de chuva”, diz. “Cada adubação de cobertura em 270 mil pés de tabaco custa em torno R$ 3,5 mil e a palhada evita bastante esses gastos”, acrescenta.

O plantio na palha também reduziu a germinação de ervas daninhas e, com isso, o produtor teve redução no uso de herbicidas e de mão-de-obra, o que permitiu aumentar a área plantada. Porém, a mais importante vantagem foi a melhora na produção e na qualidade do tabaco. “Percebo que agora o produto está de 15% a 20% melhor e que o nível de qualidade se mantém mais estável. As folha são mais encorpadas e pesadas e o tabaco das primeiras apanhas está mais limpo por não ficar em contato direto com o solo”, explica.

O PRODUTOR – Joel e Alexandra Junkherr e o filho Gustavo cultivam 270 mil pés de tabaco em São José da Reserva, interior de Santa Cruz do Sul (RS). Na propriedade há 1,6 hectares de mata nativa e dois hectares de reflorestamento com eucaliptos.