Além de tabaco demandar menos defensivos, toxidade dos produtos é inferior

Uma nova pesquisa sobre a demanda de defensivos em diversas culturas agrícolas mostrou novamente que a lavoura do tabaco está entre as de menor uso de agrotóxicos. O estudo conduzido pelos professores José Otávio Machado Menten e Lourival Carmo Monaco Neto, ambos docentes da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), mostrou que o tabaco, com apenas 1,1 quilo de ingrediente ativo por hectare, está em penúltimo lugar em uma lista de 19 culturas comerciais.

Além disso, em termos de toxicidade, especialmente para os seres humanos, há uma significativa diferença entre as classes de defensivos, de forma que, em linhas gerais, os herbicidas são os menos tóxicos, seguidos pelos fungicidas, acaricidas e inseticidas. E na cultura do tabaco, da quantidade demandada, 62% são de herbicidas, o menos tóxico entre as quatro classes de químicos. Para os pesquisadores, a necessidade de defensivos varia muito entra as culturas por questões agronômicas, técnicas e financeiras. Por exemplo, algumas culturas, como maçã e batata inglesa, que apresentam maior suscetibilidade às doenças, necessitam de maiores níveis de proteção. 

Para as análises, foram usados dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (SINDIVEG), do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (SINDAG) e do Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE). As culturas analisadas foram: algodão, alho, amendoim, arroz, banana, batata inglesa, café, cana-de-açúcar, cebola, citros, feijão, tabaco, maçã, melão/melancia, milho (primeira e segunda safras), soja, tomate, trigo/aveia/centeio/cevada e uva. As culturas com menor demanda de quilos de ingredientes ativos por hectare (kg IA/ha) são banana, tabaco e feijão, com respectivamente 0,48, 1,01 e 1,22 kg IA/ha, bem abaixo da média dos 19 produtos analisados (4,90 kg IA/ha).

SEM SURPRESA – Para o presidente de SindiTabaco, Iro Schünke, os resultados do estudo não surpreendem. “Este é o quarto estudo que coloca o tabaco entre as culturas que menos demandam agrotóxicos no país”, lembra. “Há muitos anos, tentamos esclarecer temas como esse, considerando que campanhas antitabagistas acabam confundindo seus objetivos e culpam o setor por um uso desordenado de agrotóxicos”, afirma.

QUANTIDADE DE AGROTÓXICOS – Entre as 19 culturas pesquisadas, o tomate é o campeão na quantidade de agrotóxicos, com 46,87 quilos de ingrediente ativo por hectare. Na sequência aparece a maçã, com 39,18 kg IA/ha; a batata inglesa, com 31,6 kg IA/ha; o algodão, com 14,51 kg IA/ha; os citros, com 13,52 kg IA/ha; a uva, com 11,67 kg IA/ha; e o amendoim, com 11,05 kg IA/ha. A soja aparece em oitavo lugar, com 6,31 kg IA/ha, e a cebola em nono, com 6,19 kg IA/ha. Depois vem o milho, com 3,57 kg IA/ha; o café e o alho, com 3,11 kg IA/ha; melão e melancia, com 3,06 kg IA/ha; o arroz, com 2,85 kg IA/ha; a cana, com 2,71 kg IA/ha; e trigo, centeio, aveia e cevada, com 2,65 kg IA/ha.

Acesse ao estudo na íntegra