A verdade sobre a produção de tabaco no Brasil

Julho é o mês no qual desde 1960, é celebrado o Dia do Agricultor, trabalhador do agro brasileiro que produz alimentos e matérias-primas para o Brasil e o mundo. Nos três estados do Sul do Brasil são 1.191 municípios com significativa produção rural. Desses, 488 municípios produzem também tabaco, sendo 198 no Rio Grande do Sul, 183 em Santa Catarina e 107 no Paraná.

O presidente da associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Werner, mostrou esses e muitos outros números durante a audiência pública da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados sobre a participação do Brasil na Convenção-Quadro para Controle do Tabaco, realizada no final de junho. Ele falou sobre o que o tabaco representa para os produtores, municípios, estados e País. “Na safra 2021/2022, o número de produtores no Sul do Brasil foi de 128.448 e incluindo o Nordeste, são 142.190”, disse. Na participação total, o Rio Grande do Sul tem 47,5%, Santa Catarina tem 26,7% e o Paraná, 16%. E o Nordeste aparece com 9,66%.

Werner comentou ainda que o número de pessoas envolvidas diretamente na cultura do tabaco nos três estados do Sul na safra 2021/2022 foi de 603.706. E, considerando a região Nordeste, o total é de 668.293 pessoas. “No geral, a fumicultura emprega direta e indiretamente cerca de 2,04 milhões de brasileiros”, salientou. Sobre a produção, os dados da Afubra contabilizaram 590.181 toneladas. E a receita bruta aos produtores dos três estados do Sul foi de R$ 9,53 bilhões. “Somando a receita dos produtores do Nordeste, chegamos a um total de R$ 9,81 bilhões”, completou.

A soma da área plantada também é significativa, mesmo o tabaco sendo cultivado em pequenas propriedades e ser o produto de mais rendimento por hectare. São 270.144 hectares, sendo 246.590 nos três estados sul-brasileiros. “A área média de uma propriedade produtora é de 12,1 hectares, sendo que destes, a média é de 2,79 utilizados para o cultivo de tabaco”, contou. “No comparativo com a produção de grãos, o faturamento médio de um hectare de tabaco equivale a 4,17 hectares de soja ou 4,48 hectares de milho”, apontou o presidente da Afubra. “E para a próxima safra a diferença deve ser ainda maior”, projetou.

Outros dados informados na exposição de Benício Werner são a respeito das exportações, pois mais de 85% do tabaco brasileiro é embarcado para o exterior. O Brasil é há 30 anos o maior exportador mundial e em 2022 foram 464.429 toneladas enviadas para outros países. Em segundo lugar nas exportações está a Índia e em terceiro, o Zimbábue.

Para exemplificar o universo de pessoas envolvidas no setor, Benício mostrou dados do transporte de insumos e de tabaco curado entre as indústrias e os produtores a cada safra. “Apenas da indústria até as propriedades são 21.949 cargas de insumos. E das propriedades até as plantas industriais, são 38.633 cargas”, comentou. “Se incluirmos, por exemplo, trabalhadores das fábricas de insumos, máquinas e equipamentos, imagina quantos empregos indiretos são gerados pela nossa atividade”, salientou. “Isso precisa ser levado em conta pelas autoridades do poder executivo, que é quem está combatendo o cigarro, produto produzido com a nossa matéria-prima”, acrescentou.

Sobre a possibilidade de substituição de culturas, a viabilidade é questionável. “Temos produtores que pararam o cultivo de tabaco e depois retornaram por não terem condições de sobrevivência somente com aquilo que foi implementado como substituição”, contou. “A OMS (Organização Mundial da Saúde) diz que não precisamos de tabaco, precisamos de comida. Mas, o pequeno produtor precisa do tabaco para poder produzir comida”, finalizou.

MEIO AMBIENTE – A questão ambiental também fez parte da audiência da Câmara Federal. “O setor do tabaco foi o primeiro em tudo, foi o primeiro a se preocupar com o retorno das embalagens vazias e foi o primeiro a se preocupar com o trabalho infantil e com a segurança no trabalho”, disse Werner. “Em relação às questões de ESG (Environmental, Social and Governance), não tem nenhuma atividade das que eu conheço que está tão bem”, acrescentou.

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ORIGEM DO DIA DO AGRICULTOR – A data de 28 de julho como Dia do Agricultor foi instituída em 1960, pelo presidente Juscelino Kubitschek com o objetivo de comemorar os 100 anos do Ministério da Agricultura.