Jovens rurais compartilham suas vivências

Mesmo pela tela dos computadores e smartphones, o Encontro Regional de Aprendizes Rurais do Instituto Crescer Legal, evento realizado anualmente, teve compartilhamento de experiências entre os aprendizes rurais das turmas em andamento e os egressos do curso de empreendedorismo e gestão rural. Com o tema “Mais do que juntos, conectados”, a 4ª edição do encontro reuniu, além de aprendizes das sete turmas de 2020 e egressos de anos anteriores, também educadores, parceiros e associados do Instituto, que compartilharam reflexões e vivências do Programa de Aprendizagem Profissional Rural.

Em cenário criado especialmente para o evento online, a educadora social Graziele Pinton e a egressa Maira Petry atuaram para fazer a mediação e conexão entre todos os participantes. Elas receberam depoimentos de diversos aprendizes, que falaram sobre a experiência do curso de empreendedorismo e gestão rural neste ano atípico, de menos de um mês de curso presencial e sete meses de atividades remotas. Pelas declarações, foi possível perceber que o aproveitamento, mesmo estudando remotamente, não deixou a desejar.

Presente ao cenário central do evento, o presidente do Instituto Crescer Legal, Iro Schünke, relatou sua história como jovem rural nascido no interior de Candelária (RS). Emocionado, ele contou sobre sua vida escolar, pois chegou a ficar um ano sem estudar por escassez de escolas na zona rural. Falou da sua dedicação aos estudos até se formar em Agronomia e sua consequente trajetória profissional até agora, quando preside o Instituto que visa dar oportunidades para os jovens filhos de produtores rurais.

Schünke lembrou que os objetivos do Instituto Crescer Legal são cumpridos graças à dedicação da equipe e dos parceiros do Instituto. “Vemos que neste ano difícil, de pandemia, a equipe do Instituto se superou. Mesmo com as adaptações exigidas e a distância, conseguimos chegar ao fim de mais um ano com projetos de vida renovados. Reunir nossos jovens é sempre muito emocionante e dá muito orgulho imaginar que vocês poderão seguir o caminho que quiserem se acreditarem e se empenharem. O Instituto é, hoje, o que mais me dá satisfação, pelos objetivos que temos, de auxiliar os adolescentes do meio rural com algo que pode mudar a vida de qualquer pessoa: oportunidade”, falou.

Durante as trocas de experiências, os depoimentos dos jovens aprendizes rurais de 2020 revelaram a importância da oportunidade. “Está sendo uma experiência incrível participar do curso do Instituto Crescer Legal”, disse Luiza Maria Rodrigues Schwinn, de Santa Cruz do Sul. “O curso me mostrou que é possível empreender também no campo. Sigamos em frente, sendo jovens ou adultos, mas sempre aprendendo e valorizando a agricultura familiar”, comentou Millena Taís Scherer, de Herveiras.

O aprendiz Felipe Eduardo Lange, de Cerro Branco, disse que o Instituto ampliou sua percepção de vida por meio do incentivo à busca de informações e do autoconhecimento. “A consciência do que gostamos e do que queremos ser e fazer, bem como a importância de planejar o caminho para alcançar o objetivo, são alguns dos aprendizados que levo do curso. Sou muito grato pela oportunidade”, relatou.

Rafaela dos Santos Silva, aprendiz de Passo do Sobrado, esteve no ambiente central do evento e contou que ser aprendiz a tornou uma pessoa melhor. “O Instituto fez com que eu evoluísse tanto na área profissional, quanto pessoal. O Instituto também me auxiliou na decisão sobre meu projeto de vida. E foi em uma das atividades do curso que eu decidi seguir meu sonho de ser uma empreendedora do ramo da selaria no meu município”, disse.

Por sua vez, Joice Ross, aprendiz de Sinimbu, contou que o novo momento a fez conhecer ainda melhor a propriedade da família. “Foi uma experiência totalmente nova e provavelmente vamos levar para toda vida”, relatou. E Nédio Vedoy Grasel, de Boqueirão do Leão, participou da live para contar que, apesar de não ter conseguido desfrutar de tudo o que o curso oferece, foi um ano de muitas aprendizagens.

Já Andrine Rehbein Konrado, aprendiz de Canguçu, disse que a pandemia trouxe aspectos também positivos. “Meus pais puderam passar aprendizados sobre a propriedade e uma das atividades que me marcou foi a do solo: meu pai sempre esteve do meu lado, ajudando, e também a minha mãe, dando conselhos e fotografando tudo. Percebi que pequenas coisas se tornam grandes, foi maravilhoso aprender com eles”, explicou.

Entre os egressos, Bruno Maciel Lange, egresso de Sinimbu, contou que o Instituto o ajudou a ter mais responsabilidade, a cuidar melhor dos estudos e do seu dinheiro. “Foi com o curso que desenvolvi meu projeto de vida, criei um vínculo com a agricultura e descobri que são muitas as possibilidades de fonte de renda”, acrescentou. Outra egressa, Elisângela Inês de Carvalho, de Vera Cruz, comentou que descobriu em si uma vocação de liderança sindical para a juventude.

Oscar Peiter, egresso de Santa Cruz do Sul, disse que teve a oportunidade de conhecer muitos novos lugares e de seguir os estudos com o objetivo de permanecer no meio rural. Joceleia Neopomoceno, egressa de Sinimbu, contou que teve acesso a oportunidades mesmo após a finalização do curso. “Consegui assim, viabilizar a internet na minha propriedade e aumentar a renda familiar com a compra e venda de animais divulgados nas redes sociais”, disse.

Maira Petry, que é egressa da turma de Vera Cruz e participou do programa Nós por Elas, contou que o ‘sim, nós podemos!’ a acompanhou em sua caminhada e a motivou a acreditar em seu potencial. “É tão bom quando há pessoas que acreditam no protagonismo do jovem rural”, disse. E Róger Samuel de Souza, egresso de Vale do Sol, contou que a oportunidade fez com que ele se tornasse menos tímido.

SAIBA MAIS – O evento foi viabilizado com recursos do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Santa Cruz do Sul e teve como objetivo proporcionar a troca de experiências sobre as vivências que os aprendizes de 2020 estão tendo e também que egressos pudessem compartilhar a sua trajetória pós curso.