A verdadeira história sobre o tabaco

Vidas Tragadas ou apenas um delírio de alguém que não conhece nem 1% da realidade do produtor de tabaco aqui no Sul? Como pode alguém que desconheça a real situação dos produtores nos desmerecer tanto? O autor da pesquisa afirma que ela foi feita em 100 propriedades, mas a questão é: como 100 propriedades podem representar mais de 150 mil famílias produtoras? A este documentário só digo uma coisa: lamentável!

Somos tratados como pessoas doentes, depressivas, que utilizam mão de obra infantil, derrubam mata nativa e que não se protegem com os EPIs. A realidade, entretanto, é outra: para podermos produzir – e ter para quem vender – nossos filhos precisam ter um histórico escolar com poucas faltas, utilizar apenas madeira de reflorestamento para fazer a cura do nosso tabaco e sempre aplicar defensivos utilizando os EPIs. Se formos pegos descumprindo qualquer um desses termos, temos o nosso contrato com a companhia suspenso na hora e acabamos sem ter para quem entregar nosso produto.

Sobre sermos uma classe doente e depressiva, vou contar um pouco da história da minha família a vocês. Há 15 anos meus pais e meus irmãos plantavam somente milho e feijão. Ano após ano, o que nos sobrava no final da safra mal dava para o sustento da família. Contas não fechavam e as dívidas só aumentavam. Foi aí que resolvemos mudar os rumos da nossa propriedade e plantar tabaco.

Já no primeiro ano as coisas melhoraram significativamente: as dívidas foram pagas e depois de anos no prejuízo o lucro veio e, desde então, as coisas só melhoraram. Depois dos meus 18 anos passei a trabalhar com tabaco com meu pai e irmãos e hoje posso dizer de peito aberto que somos muito felizes produzindo o fumo. Temos uma vida boa, economicamente estabilizada, fazemos os nossos horários, podemos folgar a hora que queremos porque somos donos dos nossos próprios narizes! a minha única certeza é que se continuássemos produzindo só milho e feijão Deus sabe como estaríamos hoje.

Tenho convicção de que minha história se repete por outros prados. Já passei por dezenas de propriedades pelo Sul do Brasil, foram mais de 10 mil quilômetros percorridos e prosa com uma centena de produtores. O que mais se vê é a alegria e o sorriso no rosto de quem está satisfeito com o que faz. Moral da história: pesquisas precisam ser mais abrangentes para que a realidade da maioria dos casos seja conhecida. Neste caso, certamente prevaleceu a minoria. E sabemos que em todos os lugares existem minorias.

MÊS NA PROPRIEDADE DOS REBINSKI

Novembro foi dada largada na colheita de tabaco aqui em casa. Já foram colhidas 4 fornadas de baxeiro e agora estamos aguardando o fumo amadurecer novamente para então voltar a colher. Este mês está sendo também de cuidados com o milho que foi plantado mês passado e de limpar a plantação.

Deixo o convite a vocês para virem conhecer a página Fumicultores do Brasil no Facebook, onde defendemos o tabaco e a agricultura familiar. Nos vemos novamente mês que vem, quando irei falar sobre energia elétrica, ou melhor, sobre a falta dela. Até lá e forte abraço!

Colunista

Anderson Rebinski

Produtor de tabaco de Ivaí, município localizado na região sudeste do Paraná. Agricultor desde os 18 anos, aos 20 anos criou a fanpage Fumicultores do Brasil e desde então vem desempenhando um trabalho de divulgação sobre a produção de tabaco e a agricultura familiar. Atualmente a página no Facebook administrada por ele conta com mais de 300 mil seguidores.