Produtores de tabaco são empreendedores que protegem a água e o solo

Neste domingo, 22 de março, é celebrado o Dia Mundial da Água, data criada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas para provocar discussões sobre a importância do recurso natural e sensibilizar sobre a necessidade de conservação hídrica. Na agricultura, a preservação da água e do solo tem importância fundamental, pois a água é usada para irrigar plantações, dar de beber aos animais e na industrialização de produtos. Por isso, para os empreendedores do campo, é atitude inteligente utilizar os recursos hídricos de forma consciente e aplicar práticas agrícolas que evitam a contaminação da água.

No setor do tabaco, visando proteger a água e sua qualidade, são mantidos diversos projetos e programas ambientais que resultaram na adesão dos produtores às práticas conservacionistas. Levantamentos realizados pelo SindiTabaco, mostram que, na última década, o uso das técnicas de cultivo mínimo e plantio direto aumentou de 17% para 65% nas propriedades produtoras de tabaco. Enquanto isso, o cultivo convencional de preparo do solo reduziu de 83% para 35%. Conforme o presidente do SindiTabaco, Iro Schünke, inclusive aqueles produtores que continuam no sistema convencional adotam outras práticas conservacionistas como terraceamento, cultivos de cobertura e plantio em nível, que funcionam como mecanismo de proteção em relação ao escoamento das águas das chuvas, reduzindo seu potencial erosivo.

Entre os programas ambientais do setor que ajudaram a mudar a realidade das lavouras, está o Microbacias Hidrográficas, experiência desenvolvida pelo SindiTabaco por mais de uma década e que comprovou que as boas práticas de manejo e conservação do solo apresentam eficiência na manutenção da qualidade da água. Segundo Iro Schünke, o principal avanço percebido com o monitoramento foi a melhoria nas condições hídricas, principalmente das fontes de abastecimento das famílias. “Durante os anos de coleta de dados, diversos avanços foram percebidos pela equipe de estudiosos. Houve redução da quantidade de fósforo, nitrogênio e coliformes nas águas dos rios e das fontes, redução das vazões máximas e redução da produção de sedimentos”, conta.

Para Schünke, a atuação dos orientadores das indústrias de tabaco também é fundamental para a difusão das vantagens do plantio direto e o cultivo mínimo. “No caso do plantio direto na palha, essa tecnologia propicia redução no uso de combustíveis fósseis, redução na mão de obra e aumento da rentabilidade do produtor através da redução de custos”, explica o executivo. “E no cultivo mínimo, o produtor mobiliza o mínimo possível o solo, protegendo a superfície com resíduos da cultura anterior ou a biomassa resultante dos cultivos de cobertura”, acrescenta. Além disso, como o tabaco é uma cultura sazonal, permitindo um cultivo sucessivo, as empresas incentivam o plantio de outras culturas, como o milho e o feijão após o tabaco, prática que possibilita a redução de pragas e doenças, o reaproveitamento dos resíduos de fertilizantes e constituindo-se em fonte complementar de alimentação e renda das propriedades.

PORQUE SE DEVE CUIDAR – A agricultura é importante nas questões ambientais porque, não apenas influencia a manutenção da disponibilidade, como também impacta diretamente na qualidade da água. Agrotóxicos e fertilizantes quando utilizados de forma incorreta podem contaminar os solos e os lençóis freáticos, além de rios e lagos. Desmatamentos, erosão e assoreamento também alteram o meio ambiente e atingem toda a bacia hidrográfica, afetando inclusive populações distantes por meio da diminuição da vazão dos córregos e rios e da degradação dos recursos hídricos.